Risco de Perder X Chance de Ganhar

Brasileiro planeja risco pensando em probabilidade, ou seja: "se a chance de acontecer é muito pequena, posso ignorar o risco", já em outras partes do mundo existe um atributo mais importante que a probabilidade que é o impacto, ou seja "e se acontecer, consigo absorver o impacto?". É por isso que toda casa tem uma lâmpada reserva mas não tem um extintor de incêndio, pois, todo mundo já viu uma lâmpada queimar, no entanto, poucos viram uma casa pegar fogo. O jeito certo de gerir risco é justamente cruzar Probabilidade X Impacto, inclusive essa é uma forma mais simples de montar uma matriz de risco.

Quando falamos de riscos, falamos em planejar soluções para os problemas que não queremos ter. Já vi pessoas cancelarem o seguro de carro numa crise, mas, nunca vi ninguém vender o estepe para trocar o insufilm, porque isso? Porque todos sabem que o estepe do carro é mais importante que o insufilm, entretanto, por incrível que pareça, quando falamos de planejamento financeiro muitos tiram dinheiro de ativos garantidores de patrimônio (estepes) para investimentos de alto risco (insufilm).

Claro que é preciso arriscar, todavia, temos que tomar cuidado com a falsa sensação de ser necessário dar um passo para traz, para se dar dois para frente. Quem dá um passo para traz e tropeça, pode nunca mais conseguir se levantar! Por isso me lembro muito da regra de ouro do maior investidor do mundo, Warren Buffett que disse: "Never lose money", que em uma tradução livre significa: "Nunca perca dinheiro".

É impressionante como o foco da grande maioria dos empresários brasileiros é gerar renda, mas poucos pensam em como não perder essa renda. Boa parte dos empresários que conheço possuem patrimônio suficiente para arcar com um bom tratamento de câncer no exterior, pois eles têm o recurso e a liquidez necessária para tal, contudo, o que eles esquecem de colocar na conta é que abrir mão de 100mil é facil, difícil é se dar conta de que, quando olhamos o que esses 100mil deixarão de render, em 10 anos a uma taxa de 1% ao mês, na verdade ele abrirá mão de 330mil... será que não seria mais barato ter pago 30reais de seguro mês? Ou reformulando a reflexão: é mais inteligente "perder" 30 reais por mês ou correr o risco de não ter uma renda vitalícia de 1mil reais por mês?

Finanças não é cassino. O próprio conceito de economia traz em sua definição que fazer economia é administrar a escassez. O recurso financeiro é finito e o que definirá se seremos ou não bem sucedidos, não é o quanto poupamos, mas sim, como e onde gastamos nosso dinheiro. Não podemos aceitar o risco de perder quando a chance de ganhar for muito baixa ou extremamente arriscada.

Para dar um exemplo dentro de um projeto de sucessão empresarial, de acordo com um estudo pulicado pela Exame em 2016, no Brasil uma empresa leva em média 107 dias para ser constituída, quando falamos da constituição de uma sociedade holding, esse prazo pode ser bem maior, principalmente se o patrimônio a ser integralizado for considerável. Outro dado pulicado na página da internet do Jornal Nacional em 2018 diz que mais de 200 pessoas morrem por dia no Brasil. Isso significa que em 107 dias, no mínimo 21mil pessoas vão morrer durante a abertura de uma empresa. Pensando em probabilidade, 21mil pessoas representam 0,0001% da população brasileira, logo o risco é muito baixo; contudo, e se seu cliente estiver justamente nesse grupo de 0,0001%, qual impacto disso na sucessão patrimonial dele já que a holding não foi se quer constituída? Esse é um risco que cabe ao profissional especializado em sucessão identificar e propor uma solução!

Em suma, não existe projeto sucessório sem planejamento de risco; não existe carteira de investimentos saudável só com ativos especulativos; não existe só ganhos sempre!

Fique atento: o maior risco de um projeto é não saber quais são os riscos! Na dúvida, convide um profissional da área de risco para o projeto ou simplesmente peça um favor e faça uma consulta simples, explore seu networking e garanta que a possibilidade de perda sempre seja menor do que a de ganho.Se a proporção for invertida, você está fazendo/propondo um péssimo negócio!

Bons negócios!!